quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Fotos dos funcionários

A equipe do Educandário Ulisses Guimarães é composta por 54 funcionários.


                      
                                    
                                     
                                     

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Frases e mensagens


Frases e mensagens sobre Educação



"Educação nunca foi despesa. Sempre foi investimento retorno garantido." 
(Arthur Lewis)


"A felicidade dos povos e a tranquilidade dos Estados dependem da boa educação da juventude." (Emilio Castelar)

"Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda." (Paulo Freire)


"A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo."
(Nelson Mandela)


"Não se pode falar de educação sem amor". (Paulo Freire)


"Educai as crianças, para que não seja necessário punir os adultos." (Pitágoras)


"A boa educação é moeda de ouro, em toda parte tem valor." 

(Padre Antônio Vieira)



É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais.

Coelho Neto


Só a educação liberta.
Epicteto


A boa educação é moeda de ouro. Em toda a parte tem valor.

António Vieira





podemos fazer a diferença...



Relata a Sra. Teresa, que no seu primeiro dia de aula parou em frente aos seus alunos da 5ª série primária e, como todos os demais professores, lhes disse que gostava de todos por igual. No entanto, ela sabia que isto era quase impossível, já que na primeira fila estava sentado um pequeno garoto chamado Ricardo.

A professora havia observado que ele não se dava bem com os colegas de classe e muitas vezes suas roupas estavam sujas e cheiravam mal. Houve até momentos em que ela sentia prazer em lhe dar notas vermelhas ao corrigir suas provas e trabalhos.
Ao iniciar o ano letivo, era solicitado a cada professor que lesse com atenção a ficha escolar dos alunos, para tomar conhecimento das anotações. Ela deixou a ficha de Ricardo por último. Mas quando a leu foi grande a sua surpresa.
Ficha do 1º ano: “Ricardo é um menino brilhante e simpático. Seus trabalhos sempre estão em ordem e muito nítidos. Tem bons modos e é muito agradável estar perto dele.”
Ficha do 2º ano: “Ricardo é um aluno excelente e muito querido por seus colegas, mas tem estado preocupado com sua mãe que está com uma doença grave e desenganada pelos médicos. A vida em seu lar deve estar sendo muito difícil.”
Ficha do 3º ano: “A morte de sua mãe foi um golpe muito duro para Ricardo. Ele procura fazer o melhor, mas seu pai não tem nenhum interesse e logo sua vida será prejudicada se ninguém tomar providências para ajuda-lo.”
Ficha do 4º ano: “Ricardo anda muito distraído e não mostra interesse algum pelos estudos. Tem poucos amigos e muitas vezes dorme na sala de aula.”
Deu-se conta do problema e ficou terrivelmente envergonhada. Piorou quando lembrou dos lindos presentes de Natal que os alunos lhe haviam dado, com papéis coloridos, exceto o de Ricardo, que estava enrolado num papel de supermercado.
Lembrou que abriu o pacote com tristeza, enquanto os outros garotos riam ao ver uma pulseira faltando algumas pedras e um vidro de perfume pela metade.
Apesar das piadas ela disse que o presente era precioso e pôs a pulseira no braço e um pouco de perfume sobre a mão. Naquela ocasião Ricardo ficou um pouco mais de tempo na escola do que o de costume. Relembra, ainda, que ele lhe disse que ela estava cheirosa como sua mãe.
Naquele dia, depois que todos se foram, a professora chorou por longo tempo... Em seguida, decidiu mudar sua maneira de ensinar e passou a dar mais atenção aos seus alunos, especialmente a Ricardo.
Com o passar do tempo ela notou que o garoto só melhorava. E quanto mais ela lhe dava carinho e atenção, mais ele se animava. Ao finalizar o ano letivo, Ricardo saiu como o melhor da classe.
Seis anos depois, recebeu uma carta de Ricardo contando que havia concluído o segundo grau e que ela continuava sendo a melhor professora que tivera.
As notícias se repetiram até que um dia ela recebeu uma carta assinada pelo Dr. Ricardo Stoddard, seu antigo aluno, mais conhecido como Ricardo. Mas a história não terminou aqui.
Tempos depois recebeu o convite de casamento e a notificação do falecimento do pai de Ricardo. Ela aceitou o convite e no dia do casamento estava usando a pulseira que ganhou de Ricardo anos antes, e também o perfume.
Quando os dois se encontraram, abraçaram-se por longo tempo e Ricardo lhe disse ao ouvido: “Obrigado por acreditar em mim e me fazer sentir importante, demonstrando-me que posso fazer a diferença.”
E com os olhos banhados em lágrimas sussurrou: “Engano seu! Depois que o conheci aprendi a lecionar e a ouvir os apelos silenciosos que ecoam na alma do educando. Mais do que avaliar as provas e dar notas, o importante é ensinar com amor mostrando que sempre é possível fazer a diferença...” 


                                                                                
Autor Desconhecido)



E você... Tem feito algo pelo próximo e respeitado seus limites? Tem auxiliado em suas angústias e dificuldades? Tem partilhado o peso de sua cruz? Ou será que tem se limitado a julgar e criticar

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

fábulas infantis

 O leão e o Rato


Um Leão dormia sossegado, quando foi despertado por um Rato, que passou correndo sobre seu rosto. Com um bote ágil ele o pegou, e estava pronto para matá-lo, ao que o Rato suplicou: Ora, se o senhor me poupasse, tenho certeza que um dia poderia retribuir sua bondade. Rindo por achar rídícula a idéia, assim mesmo, ele resolveu libertá-lo. Aconteceu que, pouco tempo depois, o Leão caiu numa armadilha colocada por caçadores. Preso ao chão, amarrado por fortes cordas, sequer podia mexer-se. O Rato, reconhecendo seu rugido, se aproximou e roeu as cordas até deixá-lo livre. Então disse: O senhor riu da simples idéia de que eu seria capaz, um dia, de retribuir seu favor. Mas agora sabe, que mesmo um pequeno Rato é capaz de fazer um favor a um poderoso Leão.
Moral da História: 
Nenhum ato gentileza é coisa vã. Não podemos julgar a importância de um favor, pela aparência do 
 benfeitor.
                                                                                                                                 Autor: Esopo





A lebre e a tartaruga


A lebre vivia a se gabar de que era o mais veloz de todos os animais. Até o dia em que encontrou a tartaruga. 
– Eu tenho certeza de que, se apostarmos uma corrida, serei a vencedora – desafiou a tartaruga. 



A lebre caiu na gargalhada. 
– Uma corrida? Eu e você? Essa é boa!

– Por acaso você está com medo de perder? – perguntou a tartaruga. 
– É mais fácil um leão cacarejar do que eu perder uma corrida para você – respondeu a lebre. 

No dia seguinte a raposa foi escolhida para ser a juíza da prova. Bastou dar o sinal da largada para a lebre disparar na frente a toda velocidade. A tartaruga não se abalou e continuou na disputa. A lebre estava tão certa da vitória que resolveu tirar uma soneca.

"Se aquela molenga passar na minha frente, é só correr um pouco que eu a ultrapasso" – pensou.

A lebre dormiu tanto que não percebeu quando a tartaruga, em sua marcha vagarosa e constante, passou. Quando acordou, continuou a correr com ares de vencedora. Mas, para sua surpresa, a tartaruga, que não descansara um só minuto, cruzou a linha de chegada em primeiro lugar.

Desse dia em diante, a lebre tornou-se o alvo das chacotas da floresta. 
Quando dizia que era o animal mais veloz, todos lembravam-na de uma certa tartaruga...

Moral: Quem segue devagar e com constância sempre chega na frente.


Do livro: Fábulas de Esopo - Editora Scipione 





Fábula da convivência


Durante uma era glacial, muito remota, quando parte do globo terrestre esteve coberto por densas camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio intenso e morreram indefesos, por não se adaptarem às condições do clima hostil. Foi então que uma grande manada de porcos-espinhos, numa tentativa de se proteger e sobreviver, começou a se unir, a juntar-se mais e mais. Assim, cada um podia sentir o calor do corpo do outro.

E todos juntos, bem unidos, agasalhavam-se mutuamente, aqueciam-se,
enfrentando por mais tempo aquele inverno tenebroso.
 Porém, vida ingrata, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que lhes forneciam mais calor, aquele calor vital,
questão de vida ou morte. E afastaram-se, feridos, magoados, sofridos. Dispersaram-se,
por não suportarem mais tempo os espinhos dos seus semelhantes. Doíam muito...
Mas, essa não foi a melhor solução: afastados, separados, logo começaram a morrer congelados. Os que não morreram voltaram a se aproximar pouco a pouco,
com jeito, com precauções, de tal forma que, unidos, cada qual conservava uma 

certa distância do outro, mínima, mas o suficiente para conviver sem ferir, 

para sobreviver sem magoar, sem causar danos recíprocos.
Assim suportaram-se, resistindo à longa era glacial. Sobreviveram. 


É fácil trocar as palavras... difícil é interpretar os silêncios!

É fácil caminhar lado a lado.... difícil é saber como se encontrar!
É fácil beijar o rosto... difícil é chegar ao coração!
É fácil apertar as mãos... difícil é reter seu calor!
É fácil sentir o amor... difícil é conter a sua torrente!

                                                                                 
                                                     
   A Borboleta Orgulhosa


A borboletinha era uma beleza, mas achava-se uma beldade. Devia, pelo menos, ser tratada como a rainha das borboletas, para que se sentisse satisfeita. Quanta vaidade, meu Deus!

Não tinha amigos, pois qualquer mariposa que se aproximasse dela era alvo de risinhos e de desprezo.

- Que está fazendo em minha presença, criatura? Não vê que sou mais bela e elegante do que você? costuma ela dizer, fazendo-se de muito importante.

Nem os seus familiares escapavam. Mantinha à distância os seus próprios pais e irmãos, como se ela não houvesse nascido naturalmente, mas tivesse sido enviada diretamente do céu. Tratava-os com enorme frieza, como quem faz um favor, quando não há outro remédio.

- Sim, você é formosa, borboletinha, mas não sabe usar essa qualidade como deveria. Isso vai destruí-la! previniu-a solenemente um sábio do bosque.

A borboletinha não deu muita importância às palavras do sábio. Mas uma leve inquietação aninhou-se em seu coração. Respeitava aquele sábio e temia que ele tivesse razão. Mas logo esqueceu esses pensamentos e continuou sua atitude habitual.

Um dia, a profecia do sábio cumpriu-se. Um rapazinho esperto surpreendeu-a sozinha voando pelo bosque. Achou-a magnífica e com sua rede apoderou-se dela. Como é triste ver a borboletinha vaidosa atravessada por um alfinete, fazendo parte da coleção do rapaz!

Cada um tem aquilo que merece. 
Moral da História:
Não adianta pôr a culpa de nossos erros nos outros, no destino, em Deus ou na má sorte. Cada um é responsável pelo seu próprio sucesso ou fracasso. 


                                                                                      AUTOR DESCONHECIDO





A rosa e a borboleta



Uma vez uma borboleta se apaixonou por uma linda rosa. A rosa ficou comovida, pois o pó das asas da borboleta formava um maravilhoso desenho em ouro e prata. Assim, quando a borboleta se aproximou voando da rosa e disse que a amava, a rosa ficou coradinha e aceitou o namoro. Depois de um longo noivado e muitas promessas de fidelidade, a borboleta deixou sua amada rosa. Mas ó desgraça! A borboleta só voltou muito tempo depois.

- É isso que você chama fidelidade? – choramingou a rosa. – Faz séculos que você partiu, e além disso você passa o tempo de namoro com todos os tipos de flores. Vi quando você beijou dona Gerânio, vi quando você deu voltinhas na dona Margarida até que dona Abelha chegou e expulsou você... Pena que ela não lhe deu uma boa ferroada!

- Fidelidade!? – riu a borboleta. – Assim que me afastei, vi o senhor Vento beijando você. Depois você deu o maior escândalo com o senhor Zangão e ficou dando trela para todo besourinho que passava por aqui. E ainda vem me falar em fidelidade!



Moral: Não espere fidelidade dos outros se não for fiel também.


                                                                                                                                    ESOPO







A CORUJA E A ÁGUIA

Coruja e águia, depois de muita briga, resolveram fazer as pazes.

- Basta de guerra - disse a coruja. O mundo é tão grande, e tolice maior que o mundo é andarmos a comer os filhotes uma da outra.
- Perfeitamente - respondeu a águia. - Também eu não quero outra coisa.
- Nesse caso combinemos isto: de agora em diante não comerás nunca os meus filhotes.
- Muito bem. Mas como posso distinguir os teus filhotes?
- Coisa fácil. Sempre que encontrares uns borrachos lindos, bem feitinhos de corpo, alegres, cheios de uma graça especial que não existe em filhote de nenhuma outra ave, já sabes, são os meus.
- Está feito! - concluiu a águia.
Dias depois, andando à caça, a águia encontrou um ninho com três monstrengos dentro, que piavam de bico muito aberto.
- Horríveis bichos! - disse ela. Vê-se logo que não são os filhos da coruja.
E comeu-os.
Mas eram os filhos da coruja. Ao regressar à toca a triste mãe chorou amargamente o desastre e foi justar contas com a rainha das aves.
- Quê? - disse esta, admirada. Eram teus filhos aqueles monstrenguinhos? Pois, olha, não se pareciam nada com o retrato que deles me fizeste...

Moral da História: Para retrato de filho ninguém acredite em pintor pai. Lá diz o ditado: quem o feio ama, bonito lhe parece.



                                                                                                   Monteiro Lobato






O cavalo e o burro
                                                                                              
O cavalo e o burro seguiam juntos para a cidade.  O cavalo contente da vida, folgando com uma carga de quatro arrobas apenas, e o burro — coitado!  gemendo sob o peso de oito.  Em certo ponto, o burro parou e disse:
– Não posso mais!  Esta carga excede às minhas forças e o remédio é repartirmos o peso irmãmente, seis arrobas para cada um.
O cavalo deu um pinote e relichou uma gargalhada.
– Ingênuo!  Quer então que eu arque com seis arrobas quando posso tão bem continuar com as quatro?  Tenho cara de tolo?
O burro gemeu:
– Egoísta,  Lembre-se que se eu morrer você terá que seguir com a carga de quatro arrobas e mais a minha.
O cavalo pilheriou de novo e a coisa ficou por isso.  Logo adiante, porém, o burro tropica, vem ao chão e rebenta.
Chegam os tropeiros, maldizem a sorte e sem demora arrumam com as oito arrobas do burro sobre as quatro do cavalo egoísta.  E como o cavalo refuga, dão-lhe de chicote em cima, sem dó nem piedade.
– Bem feito!  exclamou o papagaio.  Quem mandou ser mais burro que o pobre burro e não compreender que o verdadeiro egoísmo era aliviá-lo da carga em excesso?  Tome!  Gema dobrado agora…
                                                                                                       M. Lobato 


 O corvo e o jarro


Um Corvo, que estava sucumbindo de sede, viu lá do alto um Jarro, e na esperança de achar água dentro, voou até ele com muita alegria. 
Quando lá chegou, descobriu para sua tristeza, que o Jarro continha tão pouca água em seu interior, que era impossível alcançá-la com seu curto bico. 
Ainda assim, ele tentou de tudo para beber a água que estava dentro do Jarro, mas com um bico tão curto, todo seu esforço foi em vão. 
Por último ele pegou tantas pedras quanto podia carregar, e uma a uma, colocou-as dentro da Jarra. Ao fazer isso, logo o nível da água ficou ao alcance do seu bico, e desse modo ele salvou sua vida. 

Autor: Esopo 


quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Paródias




FITA VERDE NO CABELO - Nova velha Estória


Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e
velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam.
Todos com juízo, suficientemente, menos uma meninazinha, a que por enquanto. Aquela, um dia, saiu de lá, com uma fita verde inventada no cabelo.
Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a uma  outra e quase igualzinha aldeia.
Fita-Verde partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O pote continha um doce em calda, e o cesto estava vazio, que para buscar framboesas.
Daí, que, indo, no atravessar o bosque, viu só os lenhadores, que por lá lenhavam; mas o lobo nenhum, desconhecido nem peludo. Pois os lenhadores tinham exterminado o lobo.
Então, ela, mesma, era quem se dizia:
– Vou à vovó, com cesto e pote, e a fita verde no cabelo, o tanto que a mamãe me mandou.
A aldeia e a casa esperando-a acolá, depois daquele moinho, que a gente pensa que vê, e das horas, que a gente não vê que não são.
E ela mesma resolveu escolher tomar este caminho de cá, louco e longo, e


não o outro, encurtoso. Saiu, atrás de suas asas ligeiras, sua sombra também vindo-lhe correndo, em pós.
Divertia-se com ver as avelãs do chão não voarem, com inalcançar essas borboletas nunca em buquê nem em botão, e com ignorar se cada uma em seu lugar as plebeinhas flores, princesinhas e incomuns, quando a gente tanto por elas passa.
Vinha sobejamente.Demorou, para dar com a avó em casa, que assim lhe respondeu, quando ela, toque, toque, bateu:
– Quem é?
– Sou eu… – e Fita-Verde descansou a voz. – Sou sua linda netinha, com cesto e pote, com a fita verde no cabelo, que a mamãe me mandou.
Vai, a avó, difícil, disse: – Puxa o ferrolho de pau da porta, entra e abre. Deus te abençoe.
Fita-Verde assim fez, e entrou e olhou. A avó estava na cama, rebuçada e só.
Devia, para falar agagado e fraco e rouco, assim, de ter apanhado um ruim  defluxo.
Dizendo: – Depõe o pote e o cesto na arca, e vem para perto de mim, enquanto é tempo.
Mas agora Fita-Verde se espantava, além de entristecer-se de ver que perdera em caminho sua grande fita verde no cabelo atada; e estava suada, com enorme fome de almoço.
Ela perguntou:
– Vovozinha, que braços tão magros, os seus, e que mãos tão trementes!
– É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta… – a avó
murmurou.
– Vovozinha, mas que lábios, aí, tão arroxeados!
– É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta… – a avó suspirou.
– Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado,pálido?
– É porque já não te estou vendo, nunca mais, minha netinha… – a avó ainda gemeu.
Fita-Verde mais se assustou, como se fosse ter juízo pela primeira vez.
Gritou: – Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!…
Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser pelo  frio, triste e tão repentino corpo.


(ROSA, João Guimarães. Fita verde no cabelo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1992).










CHAPEUZINHO AMARELO


(Chico Buarque)


Era a Chapeuzinho Amarelo.
Amarelada de medo
Tinha medo de tudo,
Aquela Chapeuzinho.
Já não ria.
Em festa, não aparecia.
Não subia escada
nem descia.
Não estava resfriada mas tossia.
Ouvia conto de fada
e estremecia.
Não brincava mais de nada,
nem de amarelinha.
Tinha medo do trovão.
Minhoca, para ela, era cobra.
E nunca apanhava sol
porque tinha medo da sombra.
Não ia pra fora para não se sujar.
Não tomava sopa pra não ensopar.
Não tomava banho pra não descolar.
Não falava nada pra não se engasgar.
Não ficava de pé com medo de cair.
Então vivia parada,
deitada, mas sem dormir,
com medo de pesadelo.
ERA A CHAPEUZINHO AMARELO.
E de todos os medos que tinha
O medo mais que medonho
era o medo do tal do LOBO
Um lobo que nunca se via,
que morava lá pra longe,
do outro lado da montanha,
num buraco da Alemanha,
cheio de teia de aranha,
que vai ver que o tal do LOBO
nem existia.
Mesmo assim a Chapeuzinho
tinha cada vez mais medo
do medo do medo do medo
de um dia encontrar um LOBO.
Um LOBO que não existia.
E Chapeuzinho Amarelo,
de tanto pensar no LOBO,
de tanto sonhar com o LOBO,
de tanto esperar o LOBO,
um dia topou com ele
que era assim:
carão de LOBO,
olhão de LOBO,
jeitão de LOBOe principalmente um bocão


tão grande que era capaz
de comer duas avós, um caçador,
rei, princesa,
sete panelas de arroz
e um chapéu
de sobremesa.
Mas o engraçado é que,
assim que o encontrou o LOBO,
a Chapeuzinho Amarelo
foi perdendo aquele medo,
o medo do medo do medo
de um dia encontrar um LOBO.
Foi ficando só com um pouco de medo
daquele lobo.
Depois acabou o medo
e ela ficou só com o lobo.
O lobo ficou chateado
de ver aquela menina
olhando para a cara dele,
só que sem o medo dele.
Ficou mesmo envergonhado,
triste, murcho e branco-azedo,
porque um lobo, tirando o medo,
é um arremedo de lobo.
É feito um lobo sem pêlo.
Lobo pelado.
O LOBO FICOU CHATEADO.
E ele gritou: sou um LOBO!
Mas a Chapeuzinho, nada.
E ele gritou: sou um LOBO!!!!
Chapeuzinho deu risada.
E ele berrou: EU SOU UM LOBO!!!
Chapeuzinho, já meio enjoada,
com vontade de brincar
de outra coisa.
Ele não gritou bem forte
aquele seu nome de LOBO
umas vinte e cinco vezes,
que era pró medo ir voltando
e a menininha saber
com quem não estava falando:
LO-BO-LO-BO- LO-BO-LO-BO- LOBO-
LO-BO- LO-BO-LO-BO- LO-BOLO-
BO- LO-BO-LO-BO- LO-BO-LOBO-
LO...
Aí Chapeuzinho encheu e disse:
“Pára assim! Agora! Já!
Do jeito que você tá!”
E o lobo parado assim
do jeito que o lobo estava
já não era mais um LO-BO.
Era um BO-LO
Um bolo fofo,
tremendo que nem pudim,
com medo da Chapeuzinho.
Com medo de ser comido
 com vela e tudo, inteirim.
 LO-BO-LO-BO
Chapeuzinho não comeu
aquele bolo de lobo,
porque sempre preferiu
de chocolate. 
Aliás, ela agora come de tudo,
menos sola de sapato.
Não tem medo mais de chuva
nem foge de carrapato.
Caí, levanta, se machuca,
vai à praia, entra no mato
trepa em árvore, rouba fruta,
depois joga amarelinha,
com o primo da vizinha,
com a filha do jornaleiro,
com a sobrinha da madrinha
e o neto do sapateiro
Mesmo quando está sozinha,
Inventa uma brincadeira.
E transforma em companheiro
cada medo que ela tinha:
o raio virou orrái,
barata é tabará,
a bruxa é xabru
e o diabo bodiá.




FIM




Ah, outros companheiros da Chapeuzinho Amarelo: O Gãodra, o Jacoru, O Barão-
 Tu, O Pão Bichôpa e todos os trosmons.




* * * * *